Hoje , ao lembrar os meus hábitos de leitura, recordei o seguinte.
Quando era adolescente, talvez com catorze anos adorava ler e então deslocava-me à biblioteca de Torres Novas então vila onde estudei e escolhia um romance pelo seu volume de páginas, ou seja quanto mais grosso melhor, mais leitura levava comigo para a aldeia de Lapas onde vivia.
Durante a leitura recordo que às vezes os personagens me davam medo e saía muitas vezes para a rua para aliviar um pouco a tensão.
Agora penso, como era possível não haver ninguém na referida biblioteca que me indicasse livros próprios para essa minha idade.
Pagava-se nessa altura cinco tostões e levava-se o livro que se escolhia,li o que devia e o que não devia, mas consegui gostar de ler até hoje.
É bom recordar, como se era feliz com tão pouco...
Frágil Lembrança
Há sempre uma lembrança boa
E uma tristeza, que ainda se chora
Um sonho que vive em nós à toa
E o desejo de ser feliz, dentro de nós mora!
Há sempre uma inquietação perturbadora
Cada passo se transforma numa cruz
Quedamo-nos tristes pela vida fora
Mas no decorrer do tempo faz-se luz!
Há sempre uma miragem de felicidade
Onde há certezas que acabam por morrer
E nostalgias a fazer lembrar a idade!
Há sempre uma lembrança boa
Que é anseio a vaguear dentro do ser
Deste destino dúbio, que às vezes nos magoa!.
Há uns meses atrás, enviei uns poemas, para uma revista com um pouco de esperança que alguns fossem publicados. Qual não é o meu espanto e a minha felicidade quando alguém me diz que publicaram três dos que enviei.
Afinal o sonho tornou-se realidade, resta continuar a sonhar que talvez um dia
apareça um livrinho por aí.
Hoje e para não faltar vou escrever um poema, que fala de encantamento
Sortilégio
Percorro o teu corpo com o pensamento
Fica transparente como folha de Outono
Deambulo nele até ao esquecimento
E regresso ao meu, exausta , ao abandono!
Caminho sobre o teu corpo com andar macio
Sinto uma alegria há muito adiada
Decifro o trilho há muito vazio
Mas é apenas sonho, estou encurralada!
Quero estar contigo num abraço apertado
E acendo apenas o fogo da memória
Confesso que teu corpo me é desejado!
E o meu, ainda faz parte da tua história.
Será pretencioso, pensar que alguém vai ter paciência de ler os meus poemas, mas só de pensar em partilhá-los, faz-me imensamente feliz...
Se eu soubesse
Se eu soubesse escrever
Daquele modo que só o poeta sabe
Entregar-me-ía, voltaria a nascer
Flor bravia, mas com arte!
À noite!?Quando a noite desce
Vem de novo a dor ao meu peito
E é então que o desejo cresce
De ser poeta, bem ao meu jeito!.
Deixo aqui as palavras, que são um pouco
ou são muitíssimo do que quero dizer
cobertas de inocência de poeta louco.
Tantas vezes, música aos ouvidos
outras tantas pedem desculpa por nascer
e vão sempre ao encontro de sonhos perdidos!
Fazer poesia , é como possuir qualquer coisa de meu,que posso repartir com quem gosta.
Dia a dia , agradeço humildemente a Deus, por conseguir através dela uma grande serenidade.
A vida que às vezes é uma ilha de desespero, torna-se num céu sem nuvens.
Hoje ao contrário do poema de ontem que já não era recente, vou publicar o ùltimo, que aqui deixo.
Estranhos
Tão apressada a Primavera da Vida!
É trovoada de Verão, que logo passa
Chega-se ao Outono com a alma caída
É o Inverno que chega e amordaça.
Como pedaço de vidro estilhaçado
Fica a Vida como noite escura
É uma tristeza, triste por se ter passado
a vida a correr, cheia de amargura!
Estranhos, nos sentimos... àgua de trovão!
Fortes éramos sempre tão esquecidos
Que um dia pára, não bate o coração.
Tão apressada a Primavera da Vida!
Custa a aceitar, ficamos deprimidos
Surge então o crepúsculo na mente esquecida.
Passaram quinze dias e terminou uma viagem de sonho.
Todos os participantes vieram um tanto extenuados, mas mais ricos em cultura
graças ao guia que nos encheu de conhecimentos históricos, mostrando-se zeloso da sua profissão.
Difícil será esquecer a região da Capadócia com as suas chaminés de fada, bem como a maravilhosa cidade de Istambul e as suas mesquitas. Ankara e a sua floresta da Paz, para a qual todos os países doaram uma árvore, Tróia e o seu lendário cavalo também nos encantou.
Vivemos momentos emocionantes, ao visitar a casa da Virgem Mãe, sentindo uma agradável emoção, como se Ela nos recebesse e houvesse ali um cantinho também
nosso, e por fim Efeso onde parece que aos nossos ouvidos ainda chega o rodar das quadrigas, o gargalhar poderoso e os passos pesados dos centuriões...
E tudo é felicidade quando tudo acaba bem!.
Como me alonguei, hoje vou só deixar um poema escrito há muito, mas que eu gosto muito.
Hoje nasce um poema
Hoje nasce um poema que é talismã!
Soldado, vigia dos meus sentimentos
Que me persegue com pés de lã
E cicatriza minhas feridas, meus lamentos.
Não é erva ruim, mas como ela nasce!
Vibra no peito, como uma tempestade
Um compromisso, uma promessa renasce
é acontecimento poético de saudade!
Nasce hoje, sem dor nem cansaço!
Em mim cresce a emoção de o ver nascer
A noite é visionária e a ela me enlaço
Neste poema, conquista do meu querer!.
Ausente vou estar, de viagem à Turquia,vou recuperar logo que volte.
Para aproveitar as horas de vôo, vou levar para ler pela inésima vez os sonetos de Florbela
Espanca
Deixo aqui mais um poema que dedico às pessoas que vivem um grande amor.
È sempre bom falar de Amor, daquele que se deseja puro e sincero.
Amar-te
Amar-te, amar-te, até à morte
Eu sou feliz e digo para mim!?
Foi Deus que me deu esta sorte
De poder amar-te até ao fim!
Quisera eu amar-te mais!
Ainda que à loucura chegasse!
Porque amar-te nunca é demais!
És como enleio que em mim enleasse!
Contigo quero ver o Sol nascer e pousar
Sonhar, sonhar como uma adolescente!
Contigo recordações quero ressuscitar.
Sem ti, seria noite orfã de Lua
Seria prado estéril, sem semente!
Por isso até ao fim quero ser tua!.
Pois é! È exactamente o que me sinto, um ribeirinho sem vontade de secar.
Acabei de ler os tres volumes de poesia do poeta Ruy Belo e como ele transbordava as margens, meu Deus!
Partiu e eu deixo-lhe aqui a minha homenagem
Amanhã quando eu partir
Amanhã, quando eu partir
Sósinha, seguirei meu caminho
e nele vou descobrir
esse fim de vida que já adivinho!
Limpo as lágrimas com a mão
Tudo me diz que não vou voltar!
E há um bater louco no coração.
Mas que caminho incerto!? E sem puder parar!...
Há muito venho vida fora
Que fazer, se é esta a minha estrada?!
Neste caminho não há risos, nem ninguém chora!
Só eu sigo, com a alma angustiada!
Amanhã, quando eu partir
não vou nem sequer dizer adeus!
o frio da madrugada vou sentir
e levarei comigo, saudades dos meus.
Neste caminho vou só com a solidão!
Já oiço à distância gemidos
mas tristezas, eu não quero não!
A Morte, são só meus passos perdidos!.
Dou graças a Deus pelo gosto que me deu de ler, escrever poesia, viajar....
Peço desculpa aos poetas, por me considerar também um pouco sua igual embora humildemente saiba que é longa a distância.
Vou roubando horas ao dia e ganhando horas à noite, para ter o gozo de fazer os meus poemas.
Adoro acima de todos os poetas Miguel Torga leio e releio e é ele que me dá força para continuar, hoje dedico-lhe o poema seguinte.
Dia sem volta
Não sei que dia é hoje
Vou dobrando o tempo, como para fugir!
Mas não é da Vida que fujo, ninguém foge!
Mas é d'alguma coisa que há-de vir!
Qualquer coisa que vem para decidir!?
Que o tempo não me diz, mas que adivinho
Volto a dobrar o tempo, fico a fingir
Que ainda é distante o fim do caminho.
Já não me importa o dia de hoje
Incerteza ou realidade é-me indiferente
Não tenho tempo, já que ele de mim foje!
Oriento meus passos um pouco à toa
Mas na verdade o desespero é permanente
E é dor! E dor não há que não doa!.
sentimo-nos mal quando as coisas habituais fogem e contradizem as nossas expectativas.
Porém apesar de não gostar do calor, hoje apetece-me dar-vos a conhecer mais um poema
que fala sobre Sol mas de esperança
Sóis de Esperança
Meu corpo parece querer voar
Meus olhos são humidade
Minhas mãos prontas para amar
Mas fico numa profunda imobilidade!.
Meus sentidos são um mar sereno
Navegam em águas de saudade
São arco-íris, em espaço ameno
Onde o verde da esperança é a tonalidade.
E este mar profundo onde navego
Onde aparentemente não existe solidão
Faz flutuar minha alma, o meu ego
E enche duma luz nova, meu coração
Minha boca de fogo é ainda feita
Meus cabelos brancos, feitos de melancolia
Meu corpo deteorado, ainda se deleita
Com Amor, com a Vida por mais um dia!
Assim fica um pouco mais de apego à Vida
Este é o meu primeiro dia, com alguma dificuldade.
Palavras simples
São simples as palavras escritas p'la minha mão
Simples como simples é a Natureza
Palavras que todas as manhãs me dão a ilusão
de que o que escrevo é nascente de beleza!
Dou passos e habito sempre o mesmo lugar
Desajeitada, surpreendida dia a dia!
Fico como uma jovem sempre pronta a amar
E tudo o que em mim cabe é apenas alegria.
Deslumbrada, assim vou envelhecendo
As rugas ao rosto me vão chegando
Não me deixando vencer, vou vencendo
Procuro alívio nas palavras que escrevo
Simples, simples como quando estou amando!
e é assim que à Vida dou o que à Vida devo!