A Vida é uma ída sem volta, mas até ao final, vamos ter sempre as nossas lembranças.
Lembranças que não acabam , umas que nos fazem ainda rir, sonhar... outras que ainda nos trazem pesadelos. São as lembranças ao fim e ao cabo que nos fazem andar para a frente, são como uma herança, que ninguém nos pode tirar.
Silêncio ensurdecedor
Quando o silêncio se torna ensurdecedor
E a Vida um navio perdido!
Quando o coração, já não sente amor
Então a Vida já não faz sentido!
Restam fragmentos de sonhos
Rugas fundas, voz amarga
Restam só dias medonhos
E uma sombra estranha que não larga!
Postas as mãos esperando benção
Suplica-se em voz alta, não há resposta!
O silêncio tomou conta do coração
E surge a angústia que lhe é imposta.
Os olhos têm o brilho da loucura
E o silêncio fica martelando
O pensamento numa dor mergulha
Enquanto vai o homem caminhando.
Quando a Vida já vai longe começa a pensar-se naquilo que se devia ter feito e não se fez.
Surge às vezes uma sensação de vazio, parece que algo ou alguém nos desviou do nosso destino.
Esquece o tempo
Tens o tempo, todo no teu rosto!
Maldição?! Seja ou não é certo!
Que o tempo te trouxe algum desgosto
mas os sonhos ainda te sorriem de perto.
Tempo, todo o tempo caído no vazio!
Como se entrasses em sonolência
Tempo que corre dia e noite, como rio
Sorriso morto?! Olhos sem existência!
Cerram-se as pálpebras,negas-te a ver
as rugas silenciosas à tua volta
E é a dor, do tempo não poder deter!.
Resistes?!. Queres ir mais além!
Ás vezes feliz deixas um sorriso à solta
E esqueces o tempo,que não se detém!.
Às vezes perco o fio à meada!.Com a idade é natural... mas a poesia é como uma carícia e vem logo devolver-me o fio da meada e resgatar meus sentimentos.
SÓ
Só,como botão.que floresceu tarde
Só,como vela que apagou e já não arde!
Só,como um passarinho
que ficou fraco,no ninho!.
Só como um coração vazio
Onde a a paz e o amor
São um poema vadio!
Só como uma ilha deserta
Onde o sol não entra
Onde a fome aperta
E a pobreza se experimenta!
Só como lágrima que cai
Salgada que nem mar
E só Deus sabe como vai!
A nossa alma, acalmar!
Só como um eco dum queixume
Dum desespero sem esperança
Dum destino que se assume
Sofrido,logo à nascença!.
Só, como este verso chorado
P'lo poeta que por ele sente
As angústias do passado
E as frustrações do presente!.
Ainda por detrás das nuvens, sempre aparece o Sol, embora os dias vão começando a abandonar o Outono e a dar lugar ao começo do Inverno.Com o envelhecer do dia cada vez mais cedo, no final deste, os pensamentos também de certo modo ficam tristes. No entanto sempre se descobre alguma coisa boa, para fazermos , como por exemplo o podermos aconchegarmo-nos mais cedo no nosso sofá a ler um bom livro.
Loucura
Foi o tempo de dormir de lã
Onde havia sonhos e loucura
Onde me abria como uma romã
E tu disfrutavas com ternura.
Foi o tempo de dormir de linho
Onde havia a festa dos sentidos
E eu percorria o caminho
Com palavras doces nos ouvidos.
Chegou o tempo de ficar acordado
A colorir o tempo de lembranças
Desse dormir doce já passado
Vislumbrando réstias de esperanças!.
Jardim de Mulheres é um livro que hoje comprei e que estou a começar a ler. Coincidência,
este livro fala sobre a Serra Leoa e o que acabei de ler e que se intitulava o Canto da Sangardata falava de Cabo Verde. Ao iniciar este segundo livro tive quase a desistir, a causa é que se tornava um pouco difícil de ler porque todo ele é falado à maneira africana, mas é óptimo, descreve muito bem a vivência do sofrimento de guerra ,do povo moçambicano e também o sofrimento dos soldados portugueses durante esse período. Nessa altura eu era jovem e tive familiares presos pela pide, e não esqueço nunca que recebi várias mensagens, da morte de rapazes da minha aldeia quando estava empregada nos CTT em Torres Novas e estava de serviço aos telegramas.É também um período difícil de esquecer!
Guerras
O Mundo está voltado para a guerra
O Homem não vê nem ouve nada!
E fica o mar e a terra
em sobressalto!
A esperança fica remendada
Só há anseios e desilusões
Passa-se da calma ao terror
Destruições!
Corações parados, sem amor!
Barril de pólvora,pronto a explodir
É assim o Mundo!.
Náufrago na mão do Homem
E um ódio profundo
fica na gente que há-de vir
e nos que partiram também.
O Mundo em desiquilíbrio está!
Segue caminhos ignorados
aonde quer que ele vá!?
Não leva heróis, mas falhados!.
Hoje o dia esteve cinzento e a noite está triste sem uma única estrela a alegrar o firmammento.
E neste moer de tempo, vou mastigando a vida um pouco sem rumo.
Lembrança de menina
Foi ontem, era menina!
Com laços e com sorrisos
Oiço ainda aquela voz pequenina
E vejo os cabelos, pretos e lisos.
Era fruto a amadurecer!
Lua mentirosa no Céu!
Gaivota deixando-se envolver
Rouxinol que a cantar adormeceu.
Trazia já sede de poesia!
Na mente, nasciam flores!
Minhas asas livres batia
E nos sonhos tinha amores!.
Agora mal me conheço
Tenho aquele(ontem) vazio!
E ao recordar reconheço
Que a Vida está por um fio!.
Há coisas que gostamos de lembrar.
A Vida é uma constante, o tempo não fica quieto, e vamos vivendo a recordar.
Lembro-me muito bem das coisas que se passavam quando tinha quatro anos é talvez dos primeiros seis anos o que mais recordações me trás.
Lembro-me por exemplo de me fazerem caracóis no cabelo com um ferro aquecido nas brasas, lembro-me de me pôrem fitas multicores, axadrezadas no cabelo,lembro em pormenor a casa e as coisas que faziam parte da mesma como se fosse hoje.Recordo que tínhamos um burrinho e uma cabrinha que viviam numa casa ao lado, onde também existiam os utensílios da lavoura e lembro uma figueira já dos tempos dos meus bisavós que dava figos pinga-o-mel.
A memória
A memória é um tesouro
Mas a minha está vazia!
As recordações eram d'ouro
E embalavam o meu dia.
De longe em longe um lampejo
Algum vislumbre da Vida
Para acalmar meu desejo
Para lembrar, mesmo sofrida!
Minha memória cansada
É como copo que esvazia
Toda uma vida passada
Um fio de seda que desfia!.
É a memória curso de água
Que noite e dia não pára!
E que às vezes tráz a mágoa
Duma saudade que não sara!.
E foi assim que um dia deixei Lisboa, após o 25 de Abril, para ir viver em Macedo de Cavaleiros,ao abrigo duma lei que existia na altura e que consentia que a mulher se deslocasse para perto do marido. Aí permaneci dois anos , nessas terras onde é bom viver, no sossego da natureza.
Lá fez a minha filha os seus primeiros anos de escola, mesmo ao lado de casa, e o meu emprego era a 3 minutos igualmente de casa.
Empregada da Seg- Social, atendia as boas gentes das aldeias vizinhas, marcando consultas, recebendo folhas de salários, pagando abonos etc... logo surgiram ofertas à menina de Lisboa que em simpatia nunca tinham visto igual ( um casal de coelhos, um pacote de bolachas,um saco de castanhas) quem poderia recusar? Afinal simpáticos e amorosos eram eles, ainda me restam saudades.
A Palavra
A palavra pode ser amiga!
Pode ser a palavra redentora,
haja então alguém que a diga!?
Que a traga com amor na hora!.
É a palavra às vezes mordaz
É também ela de censura
Mas com ela se consegue a Paz!
Quando com Amor se murmura.
Pode ser uma palavra rude
Ou uma palavra de resistência
Ou ser a que nos ilude!
E torna surda a consciência!.
Uma palavra às vezes basta
Quando a ausência se lamenta!
Ou quando o Amor se afasta
e a tristeza nos atormenta!.
Às vezes a vida nos entristece, e o Mundo nos parece do avesso e assim ficamos nevegando ora num mar de tempestade, ora num mar de calmaria ... mas , há sempre um dia atrás do outro e como se costuma dizer, não há bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe!.
A verdade é que a vida é feita de estradas estreitas e de curvas apertadas convém ter atenção do modo como nela caminhamos.
Papoila
Quero ser papoila livre!
Crescer enm seara de vento
Que ninguém se atreva e me prive
Quero livre meu pensamento!.
Abrir na manhã que chega
Vermelha ao sabor do vento
À terra minha raiz se apega
E orgulhosa, meu vermelho ostento!.
Na claridade das estrelas
Quero brilhar que nem chama
Sempre que possas vai vê-las
Sou eu quem por liberdade clama!.
É o tempo dos frutos apetitosos e apetecidos como a romã, também o diospiro .Para mim a romã é um fruto lindo quando a natureza o abre e se entrevêem os bagos vermelhos dá vontade de os desenhar e pintar ! .Depois é altura também das uvas, das castanhas ,nozes e passas de figo, hoje lembrei-me destes frutos porque eram a única abundância havida na minha infância.
Também é uma altura incrível para se dar um passeio até Santiago de Compostela, toda esta parte de Espanha é maravilhosa, nostálgica, cheia de paz, paisagens de mar e serra abundantes em beleza, onde o verde é mágico.
Costumo fazê-lo com algumas colegas amigas e pensamos sempre... para o ano voltamos!.
Vida Melancólica
A Vida hoje parece não ter vida!
Melancólica, onde os olhos veêm baço
Palavras, silêncios me deixam perdida
Por mim passam fantasmas, eu por eles passo!
Hoje, não são azuis, nem céu ,nem mar!
E as sombras, são sombras de alma perdida
Sentidas são as vozes de crianças a chorar
Até que regresse a vida à própria vida!
Hoje me leva a vida de vencida!
Soletro o meu nome p'ra não esquecer
E sinto a minha alma de partida!
Quero voltar a ver azuis céu e mar!
Voltar a ser feliz eu vou querer!
E ao meu rosto, o sorrriso regressar.